UMA AVENTURA
TECH NOIR
“Quando a rede começou a expandir-se, ainda não há meia dúzia de décadas, toda a gente desatou a pensar — Eis um novo caminho para a Liberdade.
O problema é que a Liberdade tem sempre um preço. Ao contrário das casas dos automóveis dos electrodomésticos das coisas quase todas, não há Liberdade a crédito. A Liberdade não dá lucro. Não há time sharing para quinze dias de Liberdade por ano. Nem prestações nem taxa fixa nem juros bonificados nem spreads negociáveis nem benefícios fiscais. É preciso dar garantias. Reais. Hipotecar a alma, por vezes o corpo. E pagar juros. Demasiado altos como sempre são todos os juros. Usuários, injúrios. Pela única coisa que deveria vir mandatoriamente incluída no pacote vida. Com garantia vitalícia e assistência pós venda. A Liberdade.
Ecce femina. Na volúpia do momento parece que decididimos outra vez ignorar que as utopias tendem, quase sempre, a transformar-se em distopias. E esta move-se. Depressa, muito depressa. Autodeterminou-se, autogerou vida independente, apropriou-se dos meios, definiu os seus próprios fins, criou as suas próprias leis.